- Sair correndo do Ferry Boat, em Bom Despacho, para chegar no guichê da Viazul a tempo de conseguir comprar uma passagem de poltrona, para não ter que viajar em pé até Nazaré;
- rasgar o bilhete do Ferry Boat no meio longitudinalmente, depois dobrá-lo algumas vezes até ficar bem fino, entregar uma metade na saída, depois, noutro dia utilizar a outra metade numa segunda viagem, economizando o valor de uma passagem (tudo feito no momento de maior movimento dos passageiros para não possibilitar uma conferência mais detida do bilhete);
- andar de "morcego" nos ônibus da Vibemsa que subiam a Ladeira da Barra ou a Barra Avenida, para não ter que voltar da praia do Porto e subir a pé até a Vitória (a essa altura do dia não havia mais dinheiro disponível pra pagar a passagem do ônibus);
- servir de intérprete e guia de marinheiros americanos, que aportavam em Salvador, pelos bares e bregas do centro, para praticar o inglês e tomar cerveja de graça;
- comer pastel do chinês da Carlos Gomes, merenda escolar do
Colégio Luiz Viana, picolé com água do Dique e sanduíche
"comeu-morreu" na geral da Fonte Nova... e sobreviver para repetir a
dose;
- entrar na Fonte Nova com meu irmão com ingresso da "geral", saltar no fosso, correr para fugir da vigilância e pendurar-se para subir até a arquibancada com a ajuda de outros torcedores, depois escalar as manilhas do esgoto para acessar a área das cadeiras numeradas superiores ou das cadeiras cativas;
- dar espeto no Tatu-Paka, Jereré, Braseiro, padaria em frente à Unimar do Rio Vermelho, com outros amigos, e sair picado sendo perseguido aos gritos de "Pega! Espeto!";
- subornar com algumas moedas o garçom do restaurante do SENAC, no clube do SESC, para ele trazer porções extras da comida do dia (que já era bem barata);
- frequentar xinxim de bofe dançante no Bairro Macaúbas, caruru de preceito (sem sal) no Alto das Pombas (como
penetra);
- assistir ao filme "Operação Dragão" no Cine
Jandaia e me tornar sparring dos espectadores da fila de trás que reproduziam
os chutes e voadoras de Bruce Lee no recosto da minha poltrona;
- ficar na janela do pensionato na Joana Angélica cerrando cigarros dos passantes que vinham com maços salientemente visíveis no bolso da camisa e, no final da empreitada, conseguir encher uma carteira vazia de Carlton com cigarros de quase todas as marcas disponíveis no mercado;
- tomar banho na fonte da Ladeira da Preguiça (quando faltava
água no pensionato) junto às moças da difícil vida fácil;
- levar o livro de Histologia para estudar sob a luz do poste de iluminação pública no Areal de Baixo, porque no meu quarto do pensionato o pessoal estava ouvindo rock pesado, fumando maconha, o que não me possibilitava uma concentração aceitável para o propósito do estudo em questão;
- pular na pipoca do trio de Dodô e Osmar em frente ao Cine Guarani, receber no olho uma lata de Skol metade cheia (quando a lata era feita de lata) e tentar sair da muvuca para ir em busca de atendimento médico sem estar enxergando nada...
- e tantas outras modalidades olímpicas que o meu atual corpo, em perfeito estado de degeneração, nem ousa supor.