Eu confesso que me sinto meio perdido e desorientado, com relação ao direcionamento de críticas aos aspectos futebolísticos do Bahia, desde que o clube virou SAF e passou a ser gerido pelo City Group.
Eu me acostumei a
dirigir lamúrias críticas e impropérios a Maracajá, Pernet, Petrônio, Marcelos
Guimarães (cruzcredocrendeuspai), Vadão, Arthurzinho, Joel Santana, Guto,
Enderson e por aí vai… Eram tempos bem mais simples e simplórios. O alvo estava
ali, explícito, exposto, insofismável.
Mas agora está meio
confuso, labiríntico, o caminho para se direcionar a pedra à vidraça.
Do lado técnico, há um
Rogério Ceni que se coloca como único interlocutor e alvo do desempenho do time
em campo. Mas, diferentemente dos tempos em que meus cabelos ainda não me
haviam abandonado em desabalada carreira, hoje há uma comissão técnica
multiprofissional multifacetada multiétnica pluridiversificada que decide desde
a quantos centímetros da lateral o jogador deve se posicionar, para dar
amplitude ao campo, até que fibra muscular pode ser distendida pelo jogador (e,
infelizmente, ainda não o quando). Fico olhando Ceni e o seu auxiliar francês
trocando palavras, cobertas estrategicamente pela mão sobre a boca para se
prevenirem da leitura labial dos enxeridos, e imagino (sim, tenho imaginação
fértil) em que língua eles se comunicam, qual o nível de dúvidas, certezas,
espanto e perplexidade são expressos naquele colóquio dos dois pombinhos (não
achei outra palavra agora, mas prometo buscar no porvir). Fico pensando (cabe aqui
um “lá ele” preventivo pelo que irá mais à frente) que eles dois podem estar
com o mesmo problema gramatical, vocabular, sei lá, que eu enfrento vendo os
jogos desse Bahia: a solução às vezes pode ser tirar, tirar, esse ou aquele,
mas na hora de botar, botar, só tem isso ou aquilo à disposição. Vejo (em
vídeo), no vestiário, as palavras de estímulo do novo (mais recente) preparador
físico; tapinhas incentivadores, de várias origens, nas costas nos nossos
jogadores/gladiadores; contusões insuspeitadas de jogadores no aquecimento, no
treinamento ou sabe-se lá onde e em que circunstâncias; jogadores com
barriguinhas resistentes depois das férias (Caio Alexandre?); vejo (em campo)
jogadas ensaiadas que precisariam ser ensaiadas; enfim, vejo coisas que
preferia não ver e fico sem saber a que santo recorrer, pois só nos é dado
acesso a Ceni para assumir os pecados do mundo e se submeter ao escrutínio e ao
calvário. OK, ele deve ganhar bem, muito bem, para bancar o cordeiro a ser
imolado nesse sacrifício simbólico. Infelizmente, assim como no preceito
religioso, a misericórdia é muito generosa e acaba alcançando quem não a
merece.
Do lado gerencial do
futebol nem vou me estender muito. A presença do diretor/gerente/sei lá o cargo
de futebol Cadu Santoro é um enigma. Primeiro porque não fala e, quando
esporadicamente o faz, só faz aumentar o questionamento do porquê de ter sido
escolhido para fazer uma gestão de elenco tão inepta, num grupo que se jacta de
ser a pica das galáxias futebolísticas. Qual o seu real preparo, seu tirocínio,
suas comprovadas credenciais? Qual o seu grau de autonomia? Por vive se
esgueirando? Cadu, "onde
estás que não respondes? Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes?".
Em tempos remotos a
gente podia se queixar ao bispo. Agora a bispo não cuida mais desses assuntos
mundanos. E o sheik não se permite ouvir lamúrias de infiéis insignificantes
como eu. “Queixo-me às rosas. Mas que bobagem: as rosas não falam…”.