domingo, 7 de outubro de 2007

Psicanálise

PSICANÁLISE

 

 

Quando o firmamento se posiciona

e instala a noite que, imóvel, assiste

os dramas do mundo de sua poltrona

fazendo de conta, fazendo ar de triste;

 

Quando a dita noite instalada e fingida

repete seu canto de torpe sadismo

eu viro de costas, eu cubro a ferida

eu faço de conta que não é comigo.

 

Há tempos livrei-me das minhas agruras

mandando pro espaço meu ar paranóide;

pra dar nome aos astros com minhas torturas

lancei mão dos gregos (que sabem de Freud).

 

Lá no alto céu coloquei minhas dores.

Transportei, às estrelas, minhas feridas:

elas que pulsem, que sofram horrores;

elas que fiquem com as dores da vida.                                          

 

 

                                                                   02/04/96        

 

COMENTÁRIOS: dizem que a poesia só trata dos mesmos assuntos: amor, morte, vida e noite. Pois é. (José Roberto Tolentino)

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