UM APÓS O OUTRO
Os dias são tristes, mas não é por culpa deles
coitados, que só cumprem o que trama o destino.
Os dias acompanham, atenta e impotentemente
a trajetória do piloto em direção ao muro
sem conseguir parar o tempo.
Os dias sopram brisas para secar lágrimas
e fazer cantar as folhagens que ouvem lamentos e suspiros
dos que perderam entes ou se perderam de amores;
Os dias se rebelam muitas vezes
e enchem de muito sol e poucas nuvens
horas em que aviões despencam sobre casas;
Os dias chovem quando eu vou à praia
porque não foram avisados
com a devida antecedência.
Os dias tendem a ser menores nas férias
por motivos que ainda não entendi direito.
Mas os dias são sempre clones de si mesmos.
Os dias não estão nada satisfeitos
com o que se faz deles.
Os dias querem ser melhores.
Os dias querem melhores dias.
José Roberto Tolentino 05/03/97
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